Vila Margarida e M70 – Dinâmicas sociocoletivas como instrumento de luta no território

Compartilhe esta publicação

Texto elaborado por Juliana Furlanetto Pereira e participação de Jéssica Machado.

TERRITÓRIO COLETIVO

Apesar dos desequilíbrios herdados do arranjo entre Estado, empresa e sociedade civil, a Vila Margarida e o México 70, bairros do município de São Vicente-SP na baixada santista, resistem à realidade a que são condicionados. O poder do território pode ser identificado através da crença dos povos que lutam por formas de organizações coletivas e que entendem naturalmente a responsabilidade da unidade básica de organização social. Contrariando uma dinâmica de mudança migratória que ocorre em muitos lugares – quando estamos insatisfeitos -, a Vila e o México 70, com a criação de uma estrutura comunitária, optaram por permanecer e mudar o ambiente habitado.

REARRANJO COMUNITÁRIO

Recuperar a dimensão de cidadania e o sentimento de pertencimento da comunidade com o espaço habitado, mesmo em desequilíbrios e incertezas, é uma missão que algumas pessoas, de maioria mulheres, assumiram. Buscando consolidações sociais, união e muito comprometimento, os grupos de organizações civis, estão lutando arduamente a fim de trazer ao cidadão um controle maior do seu bairro sobre as formas do seu desenvolvimento perante as necessidades locais e sobre a criação de espaços coletivos e agradáveis.

Jéssica Machado, arquiteta e urbanista, participante do edital 006/2020 que garante a aplicabilidade da Lei de ATHIS através de projetos de melhorias locais, afirma que:

“No decorrer do processo de escuta, identifiquei que o poder do local está na mão das mulheres. Mães lutadoras, defensoras de suas famílias, de seus sonhos, travando batalhas diárias, onde muitas acordam ainda com o nascer do sol, vão para o ponto de ônibus aguardar a condução, que muitas vezes demora mais de uma hora para chegar e, quando chega, está lotada! Como uma delas mesmo disse: ’Vai gente até pela janela. Está ainda mais lotado nesta época de pandemia’. ’Sim, para a gente a pandemia não existe. Pois não posso deixar de trabalhar porque tenho que colocar comida na mesa’. Muitas dessas mulheres que passam o dia todo no trabalho, ainda arrumam tempo para nos doar, nos encontrando em reuniões, oficinas e assembleias. Para nos ouvir e nos dar aula do que realmente é a luta de verdade. Elas se reúnem, trocam experiências, se apoiam em prol da sua comunidade. Na intenção de construir um futuro melhor para elas e seus[…]. Elas se apoiam, se reestruturam, e tiram forças para se manterem unidas, deixando uma lição de que, sozinhos, não chegamos em lugar nenhum. E que é juntando suas forças que conseguiremos construir um futuro melhor para todos nós.”

POTÊNCIAS

São iniciativas como essas que consolidam um espaço. Tecnologias urbanas de organizações sociais que preenchem cada parte da Vila Margarida e México 70. São grupos que alimentam os fluxos coletivos que ali possam existir, que fomentam saberes técnicos através de tanta realidade, buscando uma organização racional. São os pulmões do território que buscam oxigenar sempre o melhor para todes.

Arte: Sarah Esli

Alcançar uma adequação socioespacial de sucesso, onde a produção do habitat possa articular com a saúde ecossistêmica de uma maneira que não altere o valor mercantil da terra, assegurando que as necessidades de todos sejam atendidas e promovendo a igualdade, exige o envolvimento de todos os grupos de saberes.
À Vila Margarida e ao México 70, nossos agradecimentos e estima.

Assine nosso boletim informativo​

Receba atualizações e aprenda sobre ATHIS

Mais artigos

ASSISTÊNCIA TÉCNICA EM HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NA BAIXADA SANTISTA – PROPOSTA DE PARQUE LINEAR DO CANAL, MÉXICO 70, SÃO VICENTE, SÃO PAULO

O presente trabalho trata-se de um relato de prática profissional de direito à cidade e participação popular através do Projeto ATHIS na Baixada, desenvolvido pelo Instituto Procomum com fomento do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – CAU/SP. O projeto utilizou-se de métodos colaborativos junto as comunidades da região metropolitana da baixada santista, e a capacitação de profissionais de arquitetura e urbanismo em assistência técnica em habitação de interesse social – ATHIS, para o desenvolvimento de projetos para a região. Entre os projetos desenvolvidos está a proposta do Parque Linear do Canal, projeto que compilou demandas de infraestrutura pública da comunidade do México 70 e da Vila Margarida, no município de São Vicente, São Paulo.

GRUPOS DE ESTUDOS E AÇÕES – GEAS EM CORTIÇOS E PALAFITAS NA REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA/SP

O presente trabalho traz o estudo de caso dos Grupos de Estudos e Ações – GEAs em cortiços e palafitas da Região Metropolitana da Baixada Santista – RMBS, no litoral do estado de São Paulo. Suas atividades foram desenvolvidas em formato virtual com participação de profissionais da arquitetura e urbanismo de todo o Brasil, buscando ampliar a atuação da rede ATHIS na Baixada – AnB, do Grupo de Trabalho em ATHIS – GT ATHIS do Instituto Procomum – IP. O principal objetivo dos GEAs foi discutir e buscar propostas e soluções para duas das condições habitacionais de maior precariedade na Baixada Santista: as palafitas da Ilha de São Vicente e os cortiços da Região Central Histórica de Santos, reunindo um repertório acessível de conhecimentos e informações sobre esses locais, dando visibilidade e fortalecendo a participação popular nas tomadas de decisões, buscando a realização de ações efetivas para as comunidades envolvidas.

Você quer falar com o ATHIS na Baixada?

Deixe-nos uma mensagem e mantenha contato

Entre em contato

Preencha o formulário abaixo e nossa equipe terá prazer em atendê-lo

Informações de contato

contato@athisnabaixada.com

Termo de cookies

Para garantir que todos os serviços funcionem adequadamente, este site usa cookies. Ao clicar em Entendi e Aceito, você concorda que todos os cookies vão ser salvos,